
Guardo pequenos momentos preciosos de uma vida feita em mar alto num pequeno baú de madeira gasta, fechado com pequena chave de ferro pesada.
Os nós, esses que ainda resistem à brisa salgada que enferruja, ditam a lei do abandono por cais solitários envoltos em nevoeiros de saudades.
Volto as costas ao mar revolto pois cansada estou de tanto o navegar. Quero a vida como uma lagoa de almas calmas, onde as margens são tão conhecidas e familiares como a pequena embarcação em que me estiro, de olhos semicerrados evitando a luz do sol. Encantar-me-ei pela imensidão que é essa pequena lagoa, pela cor e aroma dos novos lírios que despontam nas margens, pelo céu mutante em farrapos de nuvens, pelas velas que enchem meu olhar quando redondas de vento me levam à outra margem, pelos sabores que a tua pele carrega, sorrisos meus que me surpreenderão.