sexta-feira, julho 23, 2004

LAGOA DE ALMAS CALMAS



Guardo pequenos momentos preciosos de uma vida feita em mar alto num pequeno baú de madeira gasta, fechado com pequena chave de ferro pesada.
Os nós, esses que ainda resistem à brisa salgada que enferruja, ditam a lei do abandono por cais solitários envoltos em nevoeiros de saudades.
Volto as costas ao mar revolto pois cansada estou de tanto o navegar. Quero a vida como uma lagoa de almas calmas, onde as margens são tão conhecidas e familiares como a pequena embarcação em que me estiro, de olhos semicerrados evitando a luz do sol. Encantar-me-ei pela imensidão que é essa pequena lagoa, pela cor e aroma dos novos lírios que despontam nas margens, pelo céu mutante em farrapos de nuvens, pelas velas que enchem meu olhar quando redondas de vento me levam à outra margem, pelos sabores que a tua pele carrega, sorrisos meus que me surpreenderão.