terça-feira, setembro 28, 2004

pânico



peso o silêncio
pela pressão nas têmporas mas
o ritmo – desenfreado – do coração
distrai

sinto que respiro

(respiro)

onde está o ar que não o vejo?
(inspiro expiro)

não me posso esquecer
(respiro)
não me posso esquecer
esquecer
ceder

(inspiro expiro)


tenho
que respirar
o sono não vem

(respiro)

sinto o cansaço

luto para que não me pare
preciso respirar
(inspiro fundo)
inverto o desgosto
trava-me a língua

num sabor seco, salgado
(expiro)


humedeço meus lábios
mordendo-os
baton de sangue gritante
por calar meu peito

(respiro)

presa à vida
pela pesada corrente de ar
que me esmaga

(respiro)

na MÃO a boca
não
na BOCA a mão
não

(respiro)

ainda?

Mas se me foge o chão
em tontura... em vertigem...
respirarei?

(respiro)

tento um berro
o ar não sai
meu peito vazio de ar

(respiro)

na BOCA a mão e a luz
que se foi quando de mim
parti.